Fala-me de música

Adufe

Breve história do adufe

De acordo com testemunhos o Adufe foi conhecido na civilização da Mesopotâmia, do Egipto, de Roma e no mundo pré-islâmico.
Na Península Ibérica, a sua introdução terá ocorrido através dos árabes, nos séculos VIII ou IX.
É tradicionalmente tocado por mulheres.
Era usado em Portugal desde Trás-os-Montes até ao Alentejo em zonas pastoris.
Todavia, ainda hoje é tocado nas romarias da Beira Baixa, nomeadamente, em actividades religiosas de maior destaque como é o caso da romaria da Senhora do Almortão, principal centro difusor do adufe em toda a província.
Não é conhecido nenhum outro lugar onde o adufe tenha mantido a sua inegável importância como instrumento de reconhecido arcaísmo e relevo na panorâmica da história da música popular portuguesa.
Face à lamentável decadência dos instrumentos musicais populares portugueses a romaria da Senhora do Almortão representa, actualmente, um raro momento digno de atenção.
Todos nós continuamos à espera que surja mais gente culta nesta área que, com inteligência útil e disponível faça chegar, principalmente às escolas, programas, publicações, notícias e eventos sobre o adufe e outros instrumentos populares portugueses susceptíveis de estabelecer canais de comunicação que proporcionem experiências, emoções e apreço pela nossa história e cultura musical.
É no âmbito da educação pela arte que se podem despertar sensibilidades para a formação de músicos, musicólogos e públicos.
Cada cidadão tem que sentir que pertence a um País com história.
São poucos os que preservam a arte da construção manual de adufes. Também não existe outra...
Graças à dedicação, entusiasmo e dinâmica, José Relvas, um dos raros e talvez dos últimos profundos conhecedores e construtores de adufes, em Idanha-a-Nova e no País, a construção mantém-se.
Os antigos construtores não faziam só adufes, mas também albardas, bornis e cabrestos.
As peles dos adufes são de ovelha ou de cabra.
Antes da aplicação são colocadas de molho na água durante vinte e quatro horas.
Depois de verificada a sua condição levam uma matéria química para eliminação do pelo.
Seguidamente, ficam mais dois dias em água misturada com sulfureto de cobre e cal branca, para que a raiz dos pelos saia facilmente e o cheiro seja eliminado.
Na fase seguinte, as peles, ainda molhadas, são aplicadas na armação de madeira e seguidamente cosidas a toda a volta numa moldura quadrada de tábuas de pinho ou mogno previamente cortadas nas diferentes medidas.
Têm o nome de maravalhas os laços de ornamentação que são vulgarmente de sarja ou flanela. São cortados de acordo com a dimensão do adufe e colocados nos quatro cantos.
Os adufes usados para os grupos folclóricos têm 40 cm de lado. Não são medidas rigorosas, variam entre os 35 e os 50 cm.
No interior, antigamente, colocava-se areia, grãos de trigo ou guizos. Mais tarde, passaram a ser usadas caricas espalmadas.
Quando estive com José Relvas, ele disse-me ter encontrado guizos no interior dum adufe construído há mais de cem anos, e mostrou-mo!
Seria certamente interessante que em mais escolas os professores desenvolvessem actividades no âmbito da construção e da formação de grupos de percussão. Os alunos, depois, fazem o resto!

Urbano Oliveira

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